A voz soava familiar, madrugava com cheiro de café coado e escancarava a porta do campo para sentar-se à nossa mesa nas primeiras horas da manhã. Saudava o dia com o toque do tanger de cabras, dos aboios, do galo cantando, dos repentes, da sanfona e comunicados…

Fazia festa para o raiar do sol com uma Alvorada Alegre recheada de forró em vários ritmos: do Povo, do Balundeiro, da Cuia Grande, da Espora, retratando a labuta do dia a dia  em notas, recados e ondas sonoras.

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A voz era livre, solidária, cidadã, e tinha muita fé, ora grave, ora divertida, fantasiada de gibão ou de chapéu de couro, corria solta nas Jecanas, Vaquejadas e Argolinhas. Seguia religiosamente as procissões e rituais da Missa dos Vaqueiros como  porta voz das súplicas, promessas, novenas e arribações…

A voz era inconfundível. Chamava-se  Carlos Augusto Amariz Gomes, trazia em  seu DNA o sangue de vaqueiro, e na alma, o Sertão.

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