As palavras capengam, escorregam, buscam encontrar sentidos na ambiência de uma guerra fria. Fato é, que ao mesmo tempo em que transitam em meio aos tsunamis sociais, elas transbordam em saudosismos, acenam bandeiras brancas e clamam por amor e paz. Nessa trincheira, nos reconhecemos e nos identificamos: nem tão românticos, nem tão céticos, adultos, apenas jovens de alma ensaiando mais um encontro.
O clima é de euforia, o rio faz ponte entre o passado e o presente, faz festa, protesta, desenha sua Woodstock ribeirinha nos embalos de letras e canções. Na correnteza, lembranças brotam em cada ponto da cidade, garimpam sonhos de uma geração.
Também nos deparamos refletidos nas águas do espelho, aprendizes e sempre atentos às possibilidades que estão por vir: é hora do carinho solidário, do amor sem barreiras, de “não engolir sapos,” da rotina dos remédios, de abolir meias verdades e exercitar o desapego. É hora da selfie, do auto retrato: o mapa das rugas, o raio x de nossas imperfeições, o prontuário das dores físicas e existenciais. Em contrapartida, uma gratuita e simplória alegria de viver. Será essa a grande sacada ou o grande mistério?
Que vexame! Os jornais sangrando catástrofes, enquanto sonhamos com reencontros e abraços. Ainda no espelho, um implacável relógio aponta horas, dias e anos em ritmo célere. É quando o nosso olhar mais comovido e generoso dá conta do dourado mais dourado da estação . Ah! Já é outono…Danem-se as aflições de espírito! Vamos ao baile.