As palavras chovem, inundam a secura da vida, o vazio da alma.Tímidamente abrem janelas, links, parênteses, enquanto uma enxurrada de pensamentos desliza na página em branco: são projetos adiados, parágrafos obscuros, idéias fragmentadas. Elas movimentam-se, flutuam, clamam por sentidos. Ditas ou não, cada uma com a sua verdade ou dor mais sincera. Muitas, ainda  presas a alegorias, clichês, pontos de interrogações. Outras à deriva, livres, carregam sementes dispostas a florescerem. Todas à procura de abrigo para acolher o coração.

Hoje começa novo plantio. Hora de adubar a terra. Fazer um checape, e se preciso for, até mesmo uma varredura. Essa é parte mais difícil, fugir do óbvio, da banalização, do vale tudo, dos vírus, dos juros, dos déficits… Chega! Que significados atribuir a toda essa orfandade? Sufocadas, elas querem redimir-se da síndrome da falta de tempo e fogem daquele Coelho Branco apressado (mas pontualmente atrasado) da Alice do País das Maravilhas, exclamando: Nossa! É tarde, muito tarde!

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Não, não! É imperativo superar os próprios limites. Ir à caça de novos significantes para nomear os relógios da moderna prisão do viver conectado. Ajustar os ponteiros, lembrar que o silêncio, a reflexão individual e uma certa dose de solidão são partes importantes de nossa existência. Não menosprezar a experiência do tempo de procura, que é  tão intensa quanto a ação de validar os reais significados. Nessa torrente de signos, vida e palavras mergulham pra virar histórias ou inaugurar novo tempo. Sem pressa, esbarram num arco-íris acenando boas-vindas!

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