Não tenho do que reclamar. Mas me pergunte, agora, qual o meu maior projeto?

Responderei sem titubear. Eu preciso de uma casa no campo, não exatamente igual à da conhecida canção de Zé Rodrix que ficou famosa na interpretação de  Elis Regina. Dela, ressalto a  justificativa plausível de poder  plantar amigos, flores, hortaliças e nada mais.

Necessito desse  retiro urbano  para exercitar o avesso do mundo: a volta à natureza, à liberdade. Aspiração e convicção juntas, presas a um  ideário romântico ou a uma espécie de nostalgia dos anos setenta quando a galera hippie entoava essa canção. Desenhei minha Pasárgada com  alguns metros quadrados de puro sonho: caminhar para uma vida mais sustentável, reaprender conceitos para descobrir um mundo diferente, exercitar a cultura do “faça você mesma”, praticar receitas e tutoriais, com passo a passo virtual (ou não),onde o tempo será e terá a medida do próprio prazer. Sentir  o silêncio da paz  entre uma fornada de bolos, uma técnica de origami, a leitura de um livro ou a recepção sonora de bem-te-vis  numa tarde de  chá com as amigas.

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Enquanto  a mudança não acontece, contento-me com a felicidade possível e emigro nos versos de uma outra canção:

Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.

De uma quadra a outra
do tempo,
de uma praia a outra
do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.

Com Alberto Cunha Melo  no “Canto dos Emigrantes”, teimosamente caminho em direção à minha casa no campo.

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