Existem alguns rituais impregnados de sensações que ficam  tatuados na memória da cidade, um deles é  ver e ouvir a Banda Philarmonica  21 de Setembro tocar. Assistir  ao  desfile  de  saxofones, clarinetes, contrabaixos,  trompetes, instrumentos  que levam às ruas, além da música, a cadência de toda uma  tradição: alvoradas festivas,  procissões, novenas,  desfiles cívicos, ensaios e  retretas. Um  legado que ressoa em dobrados desde a   primeira exibição em 15 de julho de 1910.

A verdade é que Petrolina acostumou-se a ver a banda passar e no ritmo da sua marcha gerações de músicos e maestros sucederam-se, resistindo às dificuldades, mas sem perder o compasso de sua  identidade.

Sem desmerecer os brios e encantos da nova geração de sucessores, interpretar  uma partitura centenária  não é tarefa fácil,  é marcha histórica ritmada no passo das ruas  e  no coração dos petrolinenses.

Encarar mudanças no processo de renovação e continuidade da Philarmônica 21  é um  fato natural, mas estas precisam de chão firme, asseguradas por leis que definem a  Política  Cultural do Município  e cobram  dos gestores   a  manutenção  e preservação do seu patrimônio. Caso contrário, o novo e o velho ficarão  sempre à deriva, à mercê dos resgates de ocasião, do evento pelo evento, de acordos pontuais profetizando o  seu declínio ou a sua ressurreição.
Nesse contexto, contrariando o dito popular nossa Banda centenária teimosamente toca e marcha… Desfila sopros de memórias para afinar políticas públicas  culturais.

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Nela assimila-se a força da resistência, aposta-se na juventude que aí está, na  capacidade de discernirem  os ritmos da história, pois nem tudo está representado  nas partituras. Os regentes ditam o tempo da música, mas cabe  aos mortais  afinar  olhos e ouvidos para interpretar o que está escrito e o que soa.

 

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