Uma campanha estampada em outdoors no ano de 2014, em prol da restauração da Catedral de Petrolina, mais que um convite à solidariedade, despertou a curiosidade para conhecer mais sobre a história da cidade e a de seus antepassados. Da pedra fundamental lançada pelo primeiro Bispo da Diocese, Dom Antonio Malan, em fevereiro de 1925, décadas atravessaram o tempo, e a comunidade foi  mobilizada novamente para cuidar do majestoso templo.

Um sentimento que nos remeteu a um outro cotidiano, distante das comodidades oferecidas nos dias atuais, com uma pequena população esperando ansiosa para ouvir o Ângelus, toque do famoso relógio de dois metros e meio de diâmetro instalado na torre esquerda da Catedral, presente de Padre Cícero Romão para D. Malan. Um relógio com direito a batismo, bençãos, esculturas e valias estendidas para as gerações futuras.
Contabilizar o tempo impõe regressos. Primeiro, a origem, certidão de nascimento assinada por Mestre Pelúsio Correia de Macedo, um exímio inventor e construtor de relógios de torre, pioneiro no ramo na cidade de Juazeiro do Norte, graças ao incentivo e confiança recebidos do seu Padim Cícero.

Segundo, a montagem, o desafio e empenho de dedicados trabalhadores comprometidos em aprender um ofício, ou já revelados como bons artífices. Todos articulados, ora no compasso dos sinos, ora no tic tac do próprio relógio, assim contava João Nascimento, que a mando de D. Malan passou vários dias em Juazeiro do Norte para aprender os mecanismos básicos para a montagem e acompanhou o transporte do relógio, do Ceará para Petrolina, viagem que durou trinta e dois inesquecíveis dias para ele. Nos seus relatos, ele sempre destacava o amigo  Mestre Santo, o artesão que fez as portas da Catedral e um dos responsáveis pelos serviços de carpintaria na instalação do relógio, além de outros  envolvidos na honrosa tarefa.                                                                     Engrenagem do relógio da catedral. Foto Sérgio Sá

Novos tempos. Habituados a contemplar a beleza da arquitetura gótica, das torres e dos vitrais, na maioria das vezes, nos esquecemos dele . Ah! o relógio ! Algumas vezes atrasado perdeu -se na hora certa da história… Mesmo assim ele marcha,  sem o sonoro toque do “Ave, ave Maria”,  no ritmo das cordas e do esforço de seus zeladores.
Mundo afora, milhares de flashes e selfies compartilham a beleza da Catedral do Sagrado Coração de Jesus,  enquanto o seu relógio  insiste em  contar histórias que o tempo guardou.Certamente, algum viajante com olhar mais atento, perguntará: Que horas são?

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