A revolução tecnológica desestabilizou o “status quo” do “Olimpo”, morada sagrada de deuses, centro da sabedoria e poder, e abriu espaço para os olimpos virtuais, lugar onde reles mortais disputam pódios, likes e seguidores.
Entre deuses x semideuses, conhecimento x informação, um duelo de egos, descaminhos e muitas interrogações. Basta um “clique” ou um “download” para produzir conhecimento? Um “password” garante a formação de um pensamento crítico?
Cada vez mais numerosas e acessíveis, as fontes de informações transformaram o conhecimento em produto de divulgação, promovendo uma massa informada mas desprovida de conhecimento. Nesse paradoxo ressurge o mito da Caixa de Pandora com todos os males e castigos que sempre assolaram a humanidade. Se antes eram destinados por Zeus, agora é a Internet quem coloca lenha na fogueira de todas as bençãos e maldições: vaidades, traições, medos, doenças, guerras, preconceitos, raiva, corrupção, amor, bondade, amor, esperança…
Estampadas na telinha virtual, as várias faces da natureza humana têm muito a dizer sobre nós mesmos, das virtudes e defeitos que moram dentro da gente. E é curioso observar nesse complexo simbolismo como o conhecimento, a formação e os valores estão sendo validados, refletir para não ficar à mercê dos achismos, dos golpes, das fake news e dos tribunais inquisitoriais.
Portanto, não basta ativar antivírus ou antideuses para combater o risco das tentações e intempéries, é imperativo pensar, filtrar a nossa “caixinha” com discernimento e atribuir significados às nossas escolhas. Sem dúvida, navegar exige autonomia e mudança de atitudes. Esse é o passaporte.

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