Na bagunça das gavetas, alguns achados e perdidos: projetos, livros, fotografias, convicções, escolhas e acidentes. O que é, e o que poderia ter sido. Essa é a sensação quando nos reencontramos dando uma geral na vida. Despedir-se de atividades exercidas anos a fio é arrancar raízes fincadas, dói. Mas é também a chance de retornar sementes no desafio do que estar por vir.
Descartar o que não o tem mais espaço exige novo olhar, nova rota, novo empreender. Trilhar por caminhos desconhecidos faz bem para o cérebro, pelo menos é o que dizem psicólogos e terapeutas. Estou certa? Não sei.
Mudar não é tarefa das mais fáceis, exige coragem e uma faxina geral nesse baú de objetos, fantasmas e sentimentos que insistem em nos acompanhar. Ao vasculhar, alguns silenciam, outros dão voz ao que ainda precisam dizer.
Filtrar o essencial: paz interior, saúde, amigos leais, cultivar canteiros na janela, conviver com gente de verdade. Despachar no caminhão da mudança, além das tranqueiras descartadas, o lote de semideuses, reais ou inventados, que vivem nos atazanando com receitas de felicidade. É preciso ficar imune à síndrome da perfeição alheia, somos humanos e mortais.
Mudar é imperativo! Seja de casa, de lugar, de país, de emprego ou de atitudes. O importante é manter o foco em nossas escolhas, arrumar a casa e seguir em frente. Fazer as pazes com a efemeridade do tempo, estabelecer limites e afazeres, desligar o GPS e acenar para a esperança com desejo de boas vindas!
Feliz mudança!