07_11-11h

Na Sereníssima República é hora de voltar à vida normal, reintegrar os expulsos do Facebook, sublimar os desaforos e desafetos, acreditar que a identidade coletiva não pode e não deve ser pautada em preconceitos.Nesse desencontro absoluto de bandeiras e partidos, de derrotas e vitórias, o direito à indignação, (exacerbada ou silenciosa) foi exercido democraticamente, com porta vozes do partido do Bem e do Mal, da ira de Deus e do Diabo, independente das fronteiras do mapa, do conhecimento e das ideologias …
Em matéria de tsunamis e questionamentos sempre recorro aos meus gurus, ( sábios em visões de mundos ) De um lado , o ceticismo machadiano alertava: “Mas que remédio dou então para fazer todas as eleições puras? Nenhum; não entendo de política. Sou um homem que, por ler jornais e haver ido em criança a galerias das câmaras, tem visto muita reforma, muito esforço sincero de alcançar a verdade eleitoral, evitando a fraude e a violência, mas por não saber de política, ficou sem saber a causa do malogro de tantas tentativas. […] Vi outras reformas; vi a eleição direta servir aos dois partidos, conforme a situação deles. Vi… Que não tenho eu visto com estes pobres olhos?”
Do outro, Galeano com suas lições de Pontos de vista recomendava fugir dos patrulhamentos maniqueístas para enxergar a realidade por outras óticas :
Do ponto de vista da coruja, do morcego, do boêmio e do ladrão, o
crepúsculo é a hora do café-da-manhã.
A chuva é uma maldição para o turista e uma boa notícia para o camponês.
Do ponto de vista do nativo, pitoresco é o turista.
Do ponto de vista dos índios das ilhas do Mar do Caribe, Cristóvão
Colombo, com seu chapéu de penas e sua capa de veludo encarnado, era um
papagaio de dimensões nunca vistas”.
Sem alardes, mais lições e lições, outras e mais outras…
De boca fechada, casmurra, aterrissei na utopia, no direito de sonhar, ou poeticamente, como intitula o autor, no direito ao delírio :
Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede.”
Passado a limpo o dever de casa, optei pela esperança.

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