“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21).


O percurso para o Sítio São João  foi intenso, tempo suficiente para reavivar histórias escritas, vividas, sentidas. As lições de amor ao próximo, respeito, dignidade, caráter, cidadania, justiça, gratidão, retornavam em turbilhão, no ritmo dos ponteiros do velocímetro, prudentes nas curvas, mas irreverentes no comando da visão crítica e bem humorada do mundo.Um legado que hoje nos permite atravessar com certa leveza, nossa caminhada sem você.

Anos depois, após novos reencontros familiares, também demarcados por partidas e chegadas, constatamos que as celebrações  nos revigoram da certeza de que a morte é passagem, e ” saudade é o amor que fica.” Lição do tempo à força, ou de ternura, como  nos versos de Roseana Murray:

o relógio bate apenas

as horas de alegria

e em volta da mesa

todos os que partiram,

os que ficaram,

entrelaçam as mãos.

A casa voa.

Do lado de cá, tentamos retomar os sonhos, nossa única chance de guardar a memória dos risos, dos choros, das festas, do dia a dia tão rico e prazeroso que vivemos juntos, de abraçar a esperança para seguirmos vivos,  de aprender mais sobre as estações da vida com as sementes, assim como elas, precisamos morrer para viver e produzir frutos. Portanto, é preciso chuva, podas, coragem…Eis o nosso destino.

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