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O espetáculo  Lee Pocket Show, dirigido pelo produtor cultural Cássio Lucena, revisitou livremente  a obra da rainha do rock brasileiro, Rita Lee, com pinceladas marcantes em vários gêneros musicais. Sensível  e talentoso, o precursor do formato Pocket Show no Vale do São Francisco,  soube explorar o  espaço único que a cantora ocupa dentro do universo da música popular brasileira, o seu ecletismo, na voz dos intérpretes: Camila Yasmine, Albérico Jr, Rogério Pilé, Temir e Zuza, que desfilaram sem pudores, do  rock pauleira às bossas e baladas românticas.

Na platéia, operava- se  um outro flashback. Um público conhecido ou reconhecido nas canções interpretadas, aplaudia em  coro de palmas e vozes.Difícil não retroceder no tempo. adentrar na trepidante  década de 1960, de mãos dadas com uma  filha legítima do Tropicalismo e relembrar, antes de mais nada, as palavras de ordem: revolução de costumes, revolução política e revolução cultural, nas quais, tabus morais desabaram, valores  foram questionados e novos padrões de existência se impuseram.

A emancipação feminina foi marco decisivo, as mulheres começaram a ingressar no mercado de trabalho e experimentaram  a liberdade  que  um salário poderia lhes propiciar. A família patriarcal iniciava a sua derrocada e o conflito de gerações foi  inevitável: o sonho  era fugir de casa e viver livremente num mundo legendado com  Paz e Amor.

Com o lema “É proibido proibir”, o movimento estudantil  era  vanguarda nos protestos por todo o mundo , nas universidades e colégios não se fazia outra coisa senão política. No Brasil, dois duelos: combater o autoritarismo da casa paterna (a família conservadora e tradicional ) e a ditadura do regime militar.

Na cultura, o Tropicalismo liderou  uma rebelião contra os padrões musicais e ideológicos vigentes, rompeu com o nacionalismo a que todo o artista da MPB deveria se submeter, e abriram suas criações a “acordes dissonantes”, na feliz expressão de Caetano Veloso, referindo-se à música pop internacional.

No comentário do crítico Nyldo Moreira “ouvir Rita Lee é um pouco além de estourar uma trincheira, ultrapassar uma geração, retroceder e interceder, ir além de qualquer tempo!” inclusive, o de voltar  ao  tempo real do espetáculo, no qual,  Cássio agradece à platéia, aos  companheiros de palco, de estrada, de patrocínio, de amizade…

Entre abraços e aplausos comprovo a suada resistência  dos nossos  artistas lutando para fazer acontecer. Volto para casa,  Lee da vida… Por isso, não provoque!

Auxiliadora Nascimento

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