Os desafios do adaptar-se ao novo normal  trouxeram à tona a revisão de novos e velhos conceitos. O pensar ” fora da caixa ” virou clichê no mundo dos negócios: inovar, criar, ir além dos padrões convencionais. Ou pensar como atitude, apenas uma forma de encarar  a vida. É  nesse território que os idosos enfrentam sérios problemas linguísticos na hora de definir a nova velhice. Velhos? Terceira idade? Melhor idade?

Entre as imagens que os representam  e a realidade dos sessentões, a fidelidade vocabular não é merecedora de aprovação. Não bastasse a lista de eufemismos, memes e preconceitos, os ícones  utilizados para identificar  prioridades também exigem reflexão.

Um casal de idosos curvados a atravessar uma rua é o desenho do sinal de trânsito que entrou em vigor no nosso país em 1994. Uma imagem altamente redutora, pois a velhice não é igual para todas as pessoas e os problemas de mobilidade não são exclusivos dos mais velhos. Em  1º de outubro de 2016, quando se comemora o Dia do Idoso, a imagem foi substituída por uma figura mais altiva, ao lado da inscrição “60+”.

A sociedade mudou e, hoje, ter 70 anos é muito diferente do que era há três ou quatro décadas. Pesquisas mostram que os cidadãos acima dos 60 anos estão cada vez mais ativos e presentes no mercado de trabalho, nas redes sociais, nas academias, nos roteiros turísticos mais exóticos.

A  representação de uma boa velhice exige que a linguagem não seja utilizada como fator de exclusão: “estar fora do mercado de trabalho”,  pertencer ao grupo de “alta sinistralidade” na contabilidade dos planos de saúde, ser um cidadão “inimputável”  nos contratos bancários, são algumas das denominações atribuídas aos idosos.

Nesse contexto, fora da caixa é exercer autonomia de pensamento e ter senso crítico para questionar o estabelecido, não  engolir sem reclamar as entrelinhas da exclusão. Essa é a atitude que define a geração 3T (Trocar o Tricô pelo Teclado).

Faço parte desse time e assino com a hasthag #faleiepronto.

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