A memória viaja em histórias contadas por aqueles que carregaram pedras para construir casas, templos, praças, monumentos… Passeia livremente pelas ruas da cidade buscando mapear fatos e acontecimentos. E as pedras florescem todas as vezes que paramos para ouvir suas vozes, mesmo quando elas se apagam ou se dispersam, sempre fica um eco vital de seiva para as novas gerações: O que me contaram ? O que vivo? O que deixarei?
Na narrativa de pessoas comuns essa é a pedra de toque, um sentimento permeado de identificação percorrendo caminhos tão familiares: a catedral, a igreja matriz, escolas, praças, o comércio, a biografia de seus antigos moradores: infância, juventude e velhice retratados em percursos densos e sagrados de histórias de vida.
Há nesse trajeto lugares frequentemente evocados, a memória de acontecimentos que são pontos de amarração da história da cidade, episódios que já ouvimos de nossos pais e avós. E é nessa oralidade fecunda que as histórias se misturam e passamos a reconhecer nas ruas da cidade o que eles nos contaram.
Foi essa curiosidade que norteou caminhos para a construção do blog. Um tributo ao meu pai João José do Nascimento (in memorian) pelos serviços prestados à cidade de Petrolina, registrado em algumas de suas narrativas.
Uma viagem de propósitos e caminhos desafiadores. De um lado, a visão nostálgica congelada no amarelado de fotos e recortes de antigos jornais, noutro a tecnologia reascendendo impressões e costurando imagens na velocidade das páginas virtuais. Na metamorfose desse tecido outras vozes: O que dirão os netos de hoje à geração bisavó? No silêncio da história a memória revivida saberá reconhecer a sua identidade?
Espero que sim.