Rendi-me à emoção. Um flashback  descortinou-se em câmera lenta, fotografou o pátio, as  salas de aula, o salão de atos,  trouxe de volta a jovem professora carregada de sonhos e provas para corrigir…Na bagagem, o idealismo e  vigor dos projetos  a serem realizados…

O percurso era bem familiar: as filas, o toque da sirene, a algazarra nos corredores… Tudo perfeitamente  congelado na rotina letiva, armazenada em dias e anos…

Na capela, passado e presente ali reunidos,  participavam  dos rituais de despedidas da Irmã Jocélia, uma  amiga especial e muito querida. Um momento marcado por reencontros e adeuses. Os rituais  celebrando  os  mistérios  da vida e da morte em cânticos e preces, soavam tranquilos, sem   os  conflitos espirituais que atormentavam a aluna adolescente de outrora, quando ouvia do Pe. Bernardino a sentença: ” ou o  homem aceita o mistério, ou o absurdo”. Um   coral de vozes  bem  distantes, insistia em trazer  à tona, outros  fatos e coincidências:

Era a voz  de meu pai descrevendo a chegada de D. Idílio a  Petrolina: “nas margens do São Francisco, a população aflita procurava encontrar  o corpo do filho do Coronel  Quelê, vítima de afogamento, e ao  mesmo tempo ansiosa, aguardava  a chegada do novo bispo, empossado somente três dias após o acontecimento.”

A partida de Irmã Jocélia, exatamente três dias antes da chegada de D. Francisco Canidé, contracenava  agora com   os preparativos da  cerimônia de posse do novo bispo.

Reflito sobre a simbologia desses  embarques e desembarques, comboios repletos de expectativas ou de  enormes saudades, todos  caminhando em direção à Páscoa… Assim como a perenidade  das lembranças, que sobrevivem  ressuscitando  um pedaço de mim!

 

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