Já era madrugada e alguma coisa de poesia pairava no ar. As ruas em silêncio não  entendiam  as despedidas, os abraços, nem os porquês da emoção, apenas a  orquestra sabia, pois  as canções afloravam  desejos e promessas para um novo encontro. Era hora de voltar para casa,   de refazer  o percurso por  ruas  adormecidas, enquanto  a memória processava seus flashbacks.

O que  define  os anos dourados de nossa juventude? Imagens que sobrevoam em  fotos raras, músicas inesquecíveis, homenagens, retrospectivas, relatos antigos e atuais unindo-se  para recontar o passado  no tempo recorde de uma canção ou de uma selfie. Não apenas um grupo de pessoas de uma mesma faixa etária, mas a síntese de uma geração.

Somos as experiências coletivas que vivemos, a memória de acontecimentos de nosso bairro, de nossa escola, de nossa cidade, de nosso país. Ao acessarmos nossos registros pessoais  sempre teremos a oportunidade de transformar idéias e pressupostos, de ampliarmos a nossa consciência, de  aceitar o novo e o diferente. Não é só nostalgia, é terapia mesmo, direito ao antes e ao depois do baile.

Eu sei. Nós sabemos que a passagem do tempo carrega em si um aglomerado de esperanças e aspirações, que os balanços de vida e de crescimento interior continuam pontuados pelos mesmos pontos fortes que nos uniram.  Portanto, ficou mais leve   refletir sobre a transitoriedade da vida, a escassez do tempo,  a importância do agora.

E nesse ir e vir dos reencontros,  nada foi mais simbólico do que atravessar a  ponte para unir as tribos e  reatar os laços da mesma  história, de assinar contrato para  novo encontro, nova possibilidade. Como testemunha, apenas o rio  revestido  de  aurora.

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