Confesso, resisti para não falar de bolos aqui no blog,  mas  não consegui. A RG digital demarca  bem a  trajetória  pessoal: professora, boleira, blogueira… Aí,  volta e meia abro a porta do forno e das lembranças e o bolo cotidiano salta, testando, provando receitas de leituras em  releituras. Novos  signos,  palavras,  sabores e sentidos degustados no olhar e  na captura do instante.
Li o livro “Assando Bolos em Kigali” de Gaile Parkin e, constatei mais uma vez, a importância do bolo artístico nas celebrações, as simbologias contidas no seu papel de protagonizar histórias de alegria, de vida, amor, dor e superação.assandoBolosKigali_024cc7d5d6228242acc5d36a0694bf94

Em Kigali, capital de Ruanda, a personagem Angel Tungaraza faz bolos de festa e descobre o quanto seus clientes têm para chorar e celebrar. Uma leitura saborosa e instigante, motivação para conhecer mais sobre a saga do bolo decorado, seus mitos e histórias.
Mergulhei em outras fontes e descobri uma  epopéia de curiosidades. Procurei ordená-las em tópicos, ora para demarcar uma linha de tempo, ora para entender costumes, rituais, tendências e vanguardas.

  • A história do bolo data de tempos antigos, tem laços com os ciclos anuais e oferendas aos Deuses e espíritos. Ao Sol e a Lua.
  • Os bolos que conhecemos evoluíram das receitas de pão de mel utilizadas na antiguidade, no Egito, Grécia e Roma.
  • Foram os romanos que difundiram o costume de utilizar o pão doce, ancestral do bolo, em comemorações de aniversário e casamentos e aprimoraram as técnicas para fazer os bolos crescerem mais porque já conheciam o processo de fermentação.
  • No século XVII, a rainha Catarina de Médici casou-se com um rei francês e quando se mudou para o reino do marido, Henrique II, levou consigo da Itália, uma leva de cozinheiros especialistas em doces, eles difundiram na corte francesa os bolos decorados que depois ficaram famosos em toda a Europa.
  • No século XIX, alguns confeiteiros europeus viraram verdadeiras celebridades,alguns registraram receitas inovadoras e exclusivas que fazem sucesso até hoje, outros desenvolveram técnicas de confecção em decorações de açúcar, do tradicional glacê à revolução da pasta americana .
  • Em  todo continente europeu o bolo decorado tornou-se um símbolo das ricas cortes e do poder econômico que os integrantes delas tinham. Os ingredientes eram muito caros e os esforços que precisavam reunir para fazer um único bolo eram impossíveis para um cidadão comum daquela época.
  • Na Alemanha medieval, tinha-se o costume de fazer bolos no formato do menino Jesus para comemorar o Natal.
  • O bolo de casamento também revela simbologias e rituais em sua tradição: na religião cristã, dividir o pão, no caso bolo, é comunhão,  compromisso, o primeiro corte no bolo com as mãos juntas, uma sobre a outra significa que a partir daquele momento passarão a dividir a vida conjunta.

E as curiosidades continuam…

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