Em 2007, as escolas municipais de João Pessoa respiravam o Movimento Armorial, com o objetivo de comemorar os 80 anos do escritor paraibano Ariano Suassuna. Inspirados nas suas obras, os estudantes produziram pinturas, vídeos, espetáculos teatrais e musicais durante todo o ano. Atividades que ressaltavam não só a importância do seu nome para nossa cultura, mas a escolha de nossos autores como instrumento de ensino dentro das salas de aula.
Morando na capital paraibana nesse período , acompanhei de perto a vasta programação da Seduc, que incluía uma expedição fotográfica denominada “Mundos de Ariano”, apresentações de documentários, os concursos “Cartas a Ariano” e “Selos e carimbo comemorativos aos 80 anos”. Na solenidade de premiação, as cartas vencedoras do concurso foram lidas pelos alunos diretamente para o escritor e os selos com o desenho premiado foram confeccionados pela Empresa de Correios e Telégrafos da Paraíba.
Com a programação nas mãos, outras salas de aula atravessaram o tempo em meio aos grifos  dessa agenda cultural. Era a vez de O Santo e a Porca revirarem  a memória de outros contextos. Como não lembrar do universo armorial de Ariano retratado  em tantas aulas de literatura brasileira? Da correria  para dar conta do pós modernismo espremido na camisa de força dos programas de vestibulares. Ariano com certeza perguntaria: Que furdunço é esse?
Tarefa sempre amenizada pelo prazer da leitura de “O Santo e a Porca,”  peça teatral na qual autor revifica a Idade Média no Brasil em pleno século XX, faz uma magnífica síntese de várias tradições, estabelece ligações intertextuais entre a cultura popular nordestina e a cultura medieval, na tentativa de preservar as raízes do caráter nacional brasileiro.
Em cena, outras salas de aula reapareceram. Dessa vez um aulão, ou melhor, duas…Uma para um público de professores e estudantes, outra para um encontro de magistrados que acontecia na cidade de Petrolina. Ali, o espetáculo era o próprio Ariano, presente nas solenidades de reabertura do Museu do Sertão, em maio de 1996. Na ocasião, os personagens de O Santo e a Porca fizeram as honrarias da casa através do GRUTAP (Grupo de Teatro Amador de Petrolina).10567376_10203670767523828_1352341727_n

Outros aniversários sucederam-se, e agora, me pergunto: Como será daqui por diante Santo Antônio?
Aqui será assim, aulas a céu aberto com benditos e excelências ao som de rabecas, pífanos, zabumbas, violas e violinos. Aí, o sertão conduzirá o legado do mestre no galope de um mote bem Suassuna:
“A Arte Armorial Popular Brasileira está na rua,à disposição dos inimigos para os ataques e dos amigos para os incentivos e os elogios.”

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