É impressionante como o mundo digital nos faz perder a noção de tempo, deixando aquela sensação de que jamais daremos conta do recado. Até nos situarmos nesse mar de informações é preciso desenvolver o nosso próprio filtro e criar algumas estratégias de autocontrole, como fazemos em relação a tantas outras tentações na vida.
Esse é um prato cheio para alguns propósitos de agenda nova: quero estar conectada, mas sem aquela ansiedade de receber ou responder mensagens a qualquer hora do dia ou da noite, quero o prazer de refugiar-me num canto silencioso e tranquilo para curtir o tempo, o ócio, de preferência criativo e o silêncio, presentes raros e luxuosos para a saúde e o bem-estar. A intenção é simples, nada contra as tecnologias e seu admirável mundo novo, apenas equilíbrio, moderação.
Motivos não faltam para mantermos nossas conexões sempre nutridas, mas é reconfortante saber que posso desligar os botões, ir ao cinema , tomar cafezinho com as amigas, mesmo enfeitiçada pela quantidade de aplicativos úteis e inúteis. Nada substitui um bate-papo ao vivo, a emoção de um abraço, ou o momento em que recebemos uma mensagem marcando um encontro presencial para reencontrar colegas de infância ou de trabalho.
É esse sentimento de pertencer que dá sentido às nossas relações interpessoais, sejam elas virtuais ou não. Mas, com relativa frequência, presencio no Facebook, Whatsapp e Instagram a muitos “assassinatos simbólicos” ( corta, deleta, exclui ), nos quais, a necessidade de audiência através de likes, polegares ou coraçãozinhos colados, são exigidos como passaportes para Ser ou Ter amigos. Se na era das aparências os meios digitais transformaram os relacionamentos do nosso tempo, está em nossas mãos escolher os caminhos, mudar o que não nos faz bem. Basta um clique, bom senso e sabedoria à moda antiga.