‌Lendo alguns textos sobre urbanismo contemporâneo  me senti desafiada por velhos álbuns de fotografias em busca de correlações. Começo pelo número de internautas sempre postando fotos antigas de Petrolina, minha cidade natal. Ao observá-las, vejo um passado congelado insistindo em assegurar referências para as novas gerações, enquanto o progresso e a vida cotidiana são veiculados massivamente em imagens bem pouco afetivas.

Reflito. Esse é o meu habitat urbano. No passado contado ou no presente vivido, eu sou a cidade. Sou:  Id, login, cpf, cep, com batismo e naturalidade acessáveis aqui e agora, na telinha do celular ou em qualquer parte do planeta. Sujeito e verbo (primeira pessoa), palavras, textos, pensamentos. Sou transeunte, nômade, gueto, mutante, cidadã do mundo…

Nesse modo urbano de habitá-la novos são os desafios e conceitos que se ressignificam para dar conta dessa contemporaneidade: identidade, cultura, patrimônio histórico. Configura-se um novo espaço, uma outra matemática temporal e novo modo de pertencer.

É inacreditável poder estar aqui ou em qualquer lugar,como local de troca, de comunicação, de interação,de moradia,de trabalho. Nessa rede de conexões, usos e significados se deslocam: comunidade, vida urbana e espaços compartilhados constituem nova realidade.Uma hiperconexão que me permite estar à milhas de distância do meu espaço cotidiano escrevendo esse post, e apenas com um código de acesso, publicar e compartilhar o perfil da cidade que sou. É fato.

PS. Hoje, aniversário da minha cidade, não poderia ser diferente, o meu drive pessoal  já acessou memórias que pedem passagem: a alvorada festiva, o tradicional desfile, o ontem e o hoje em caloroso abraço.

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