O tempo é litúrgico, de reflexão, oração, comedimento, jejum..  De quaresma,  pandemia,  quarentena,  isolamento e distanciamento social…  Um cenário caótico que se contrapõe a exuberante floração das árvores com seu cardápio de cores e cheiros.
Nesse tempo de purgação, a natureza dá um  tiro certeiro em nossos corações.Mais uma vez ela sinaliza que tudo na vida tem seu período certo de cultivo, com sua durabilidade marcada e acertada para começar e findar.
Vida e morte movimentam- se como as estações do ano, são ciclos no eterno processo de transformação em que todos nos encontramos.
De repente,  um vírus é o protagonista da vez, desafia a ciência, ultrapassa fronteiras, decreta penitências…
A caminho do calvário a humanidade vive a sua via crucis… Como uma onda vírus estão à  espreita, invisíveis e onipresentes, prontos para destronar certezas, impérios, poderes…
A caminho do calvário a humanidade curva-se para chorar os seus mortos… Os crematórios reascedem  memórias  de outros holocaustos  enquanto  vacinas são servidas em doses homeopáticas alimentando preces e esperanças…
Em cada continente a bandeira do livre arbítrio  testa  sentimentos, leis, responsabilidades, compartilha dores e lágrimas…
Enquanto a ciência busca desesperadamente encontrar o remédio,  a compaixão que nos une  vivencia  suas próprias descobertas. A chance do reencontro com a família, com o outro, de descobrir  um Deus escondido numa quentinha, em garrafinhas de álcool, fantasiado com máscaras improvisadas ou desenhado  na letra de uma canção…
Em cada gesto solidário renasce o desejo de Páscoa, de Ressurreição e Mudanças diante da nova realidade.

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